domingo, 4 de maio de 2008

Apenas por alguns segundos

Entre as milhares de pessoas que comemoravam aquele reveillon na beira da praia, ele a avistou, ficou surdo, não sabe se pelo barulho dos fogos ou pela visão momentânea que teve. Ele que era tão descrente de tudo, passou naquele instante a acreditar, a simples presença dela fez encher-lhe o coração de esperança, e ele acreditou na felicidade. Nunca nenhuma mulher havia feito ele sentir aquilo antes, e diga-se de passagem, já tivera inúmeras. Ao mesmo tempo que essa loucura ia tomando conta de seu coração, sua mente, a todo instante perguntava-se como uma simples visão muda a vida de um homem?

Sim, muda mesmo, pois ele já fazia planos de casar-se, ter filhos, parar com a vida boemia, negar tudo aquilo que sempre fora o sentido de sua existência. Estava amando, não trocara uma palavra com aquela iluminada moça da multidão, mas sentia que já a amava. Pensou então em quantas vezes já havia amado uma mulher. Não soube responder, num primeiro instante indagou-se: “não amei nenhuma”, balançou a cabeça, sorriu e disse em voz para que todos a sua volta ouvissem:

-Amei todas, as que mereceram e as que não mereceram, as que me abandonaram, as que eu abandonei, amei por alguns segundos, mas amei.

Olha novamente a multidão, que por causa do barulho dos fogos (ou mesmo por desprezo ao homem que se confessava) permanecia a ignorá-lo. Procurava a sua deusa por entre as pessoas e não a vê mais. A tristeza começa a tomar conta do seu semblante, mas ele lembra-se de uma frase, começa a sorrir e fala baixinho:

-Amei-a, por alguns segundos, amei-a na multidão.


Autor: Diux Levoy

Um comentário:

Thiago GP disse...

Hã, pois é.
Hmmm, sei lá, assim .... tipo,
quase!