segunda-feira, 30 de junho de 2008

Entrevista - SIC 2007

Com o intuito de oportunizar aos pesquisadores de graduação a exposição de seus trabalhos para a comunidade acadêmica, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) criou o Salão de Iniciação Científica, que teve em 2007 ano sua XIX edição, nos dias de 21 a 26 de outubro.

Nícolas Poloni, aluno de bacharelado em Letras, apresentou um interessante ensaio sobre a obra Os vendilhões do templo, de Moacyr Scliar, no qual analisa os tipos de mobilidade recorrentes, bem como sua intertextualidade com a Bíblia Sagrada. Poloni conversou com o blog do CEL.

CEL – Na tua opinião, o Salão de Iniciação Científica (SIC) cumpre seu papel de inserção do aluno da graduação no universo da pesquisa, proporcionando a ele conhecimento e prática inicial necessários para um futuro bom pesquisador e teórico? O aluno é auxiliado por um pesquisador, tu poderias falar da influência dele no desenvolvimento do trabalho?

Poloni – Creio que sim, o SIC porta uma atmosfera necessária ao jovem pesquisador, como a responsabilidade de datas, de realizar um bom trabalho, inclusive a possibilidade de apresentar-se diante de uma Banca julgadora. Nesse caminho até o dia D, é necessário ao aluno, no intuito de fazer um bom papel, consultar teóricos, críticos, pesquisadores, enfim, o que há de mais importante quando tratamos de um trabalho científico. O professor orientador, dentro desse âmbito, além de ajudar, influencia seu orientando na realização do trabalho. Influencia, nesse caso, não pejorativamente, como se tendenciasse o aluno a realizar tal projeto, mas dando a ele as bases para o desenvolvimento de um bom texto, bem como o aporte teórico necessário à resolução da pesquisa, além, é claro, do apoio psicológico indispensável em momentos como esse.

CEL - O crítico literário Enrique Anderson Imbert escreveu que não há uma ciência da literatura, que diferente das ciências exatas, ou positivas, tem uma epistemologia pessoal. Usando as palavras do crítico, “as ‘ciências da literatura’ não acumulam resultados: cada uma é independente da outra, começa e termina com o estudioso que a promove”. Tu achas que o SIC privilegia mais as ciências exatas, por serem elas pragmáticas e seguirem rigorosos métodos de trabalho pré-estabelecidos, preterindo as humanidades, e no caso a literatura, por ser ela deveras subjetiva e anticientífica?

Poloni – (Riso) Acho que não há dúvida quanto a isso. Não querendo que pareça recalque, mas já é pensamento comum aos cientistas humanos esse privilégio dado às ciências exatas. Podemos comprovar isso não somente durante o SIC, mas também quando pensamos na estrutura universitária, sempre ou praticamente sempre tendenciada a abastecer a área exata com maiores recursos. No SIC isso fica claro ao assistirmos às sessões dos trabalhos da Letras, por exemplo, e nos depararmos com salas minúsculas onde mal cabem os membros da Banca, o coordenador da sessão e o aluno que se apresentará. Outro fato que evidencia tal marginalidade ao curso de Letras é o número de trabalhos realizados nessa área em comparação aos das exatas. Nosso colega de graduação, Thiago Prietto, e eu, ao permanecermos na visita aos pôsteres após o último dia de apresentações (25/10/07) notamos a incrível diferença numérica de trabalhos expostos pela Letras e por cursos pertencentes às ciências exatas. Enquanto tínhamos ao nosso dispor três murais de exposição de cartazes, o que daria mais ou menos 30 trabalhos por dia, cursos das exatas tinham 6 ou 7 murais, ou seja, o dobro dos nossos. Lembro ainda de uma sessão de Literatura que assisti no SIC do meu primeiro ano de graduação, em 2006, onde uma professora membro da Banca e professora titular do curso de Letras da UFRGS, ao ouvir a apresentação oral de um dos alunos pesquisadores e notar que, além de ele não ter feito uma apresentação de slides, vejam o absurdo, e de não ter transmitido especificamente a partir de seu texto o objetivo e a conclusão do trabalho realizado, disse com palavras parecidas com essas: “é por isso que ainda não reconhecem nossos trabalhos como científicos”. Vejo que estamos inclinados não a nos mantermos como o diferencial, mas sim a nos integrarmos ao já imenso balaio científico e exato tido como o mais importante em detrimento às ciências humanas.

CEL – Os resultados que tu obtiveste com o SIC te satisfazem? Deixou ele a boa semente que, em posse do hábil cultivador, pode germinar e dar bons frutos? Gostarias de deixar alguma mensagem para os colegas da graduação que pensam em se aventurar no mundo da pesquisa e participar do próximo SIC?

Poloni – Olha, eu creio que, tendo um prazo de apenas 3 meses para conhecimento do corpus e o estudo dos teóricos-críticos com o intuito de realizar minha pesquisa, meus resultados foram muito satisfatórios. O projeto em que trabalho, Imaginário Insubmisso: Releitura Comparada das Mobilidades Culturais nas Américas, orientado pela Prof. Dra. Zilá Bernd, apesar de recente, já se mostra importante no que diz respeito à manifestação de uma literatura comparada, e o que é melhor, dentro das Américas, levando-nos a valorizar ainda mais o que foi e é produzido no Novo Mundo, marginalizado aos olhos de continentes como a Europa, por exemplo. Penso que não apenas o meu trabalho, mas também o conhecimento dos trabalhos de meus colegas dentro da nossa área deixa boas sementes. O SIC é uma forma de expormos os resultados de nossos projetos, nossos pensamentos e trabalhos e, ao mesmo tempo, julgá-los recorrentes ou não. Somos convidados a falar e não devemos perder tal oportunidade. Aos colegas que pensam em participar do próximo SIC, eu os apóio totalmente. Inserir-se em um campo de pesquisa com certeza não será insatisfatório, e ainda ajudará no desenvolvimento de um pensamento teórico, crítico e reflexivo, bem como na possibilidade de exposição dos mesmos. Recomendo a todos a inserção ao universo de pesquisa e, claro, à participações de manifestações acadêmicas como o SIC, realizado na UFRGS.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

TOCA (FOGO NO) PIANO

No final das contas, as peças de piano pegaram fogo.
Apenas um adiantamento da festa Junina, dizem.
Fogueiras não faltarão!

"E se a TOCA não queimar, olê, olê, olá, eu chego lá"

quarta-feira, 11 de junho de 2008

TOCA PIANO

Dia 19/06 (dezenove de junho, para quem não sabe ler números), rolará na Toca a primeira edição do maior concerto de piano que a UFRGS já ouviu: TOCA PIANO.

Reunindo grandes nomes da música como Bach, Scarlatti (transcrição para piano), Mozart, Haydn, Beethoven, Schubert, Schumann, Chopin, Liszt, Brahms, Tchaikovsky, Debussy, Ravel, Rachmaninov, Prokófiev, Shostakovich, Stravinsky. E claro, regado a muito vinho e ceva .